terça-feira, 13 de abril de 2010

Ryanair prepara taxa da urina


LONDRES - Se no ano passado a possibilidade de cobrar pelo uso do banheiro em seus aviões soou apenas como mistura de factóide e rumor por parte da Ryanair, a companhia aérea irlandesa fez questão de dissipar dúvidas na sexta-feira ao anunciar que não só pretende instituir o mais rápido possível o que a imprensa britânica apelidou de wee fee (algo como a taxa do xixi), como ainda está em negociações com a Boeing para o desenvolvimento de um toalete cuja porta só abre com a inserção de moedas.

De quebra, a empresa, conhecida pela política de compensar o baixo preço de passagens com uma série de sobretaxas, pretende ainda que o uso do banheiro não seja incômodo apenas no bolso: numa entrevista ao jornal "Daily Mail", o diretor de comunicações da Ryanair, Steve McNamara, informou que a companhia também pretende diminuir o número de toaletes nas aeronaves para possibilitar a instalação de mais poltronas. O número cairia de três para apenas um nos Boeings 737.

- Poderemos ter pelo menos seis poltronas extras com a remoção dos banheiros, ao mesmo tempo em que ajudaremos os passageiros a mudar um pouco seu comportamento e usar os banheiros dos aeroportos - completou McNamara.

A cobrança, por mais draconiana que seja, inicialmente será instituída apenas para voos de até uma hora de duração, com preço variando entre um euro e uma libra esterlina, para facilitar o uso de moedas. E não se trata da mais polêmica taxa aplicada pela Ryanair. Embora ofereça voos para a Europa e o norte da África pelo preço médio de 33 euros, a companhia cobra de seus passageiros pelo check-in, feito on-line ou no aeroporto, por bagagens despachadas e mesmo por sacolas de compras em free shops ou cadeiras de rodas para passageiros deficientes físicos.

Recentemente, a Ryanair anunciou ainda um aumento nas taxas para o período de férias de verão europeu, que tem início em julho. Assim como até algumas companhias aéreas mais tradicionais têm feito, a empresa irlandesa cobra pelos lanches servidos a bordo e autoridades britânicas já criticaram a companhia pela diferença de até 300% em relação aos preços cobrados nos supermercados por biscoitos, bolinhos e refrigerante.

- Quando algum supermercado oferecer voos baratos de Londres para Barcelona, aí sim teremos um problema - disse McNamara.

Aliado a uma política de atendimento ao consumidor que não permite o contato via e-mail (apenas por fax e por telefone, ainda assim para números pagos), o estilo truculento de fazer negócios da Ryanair, em especial de seu diretor-executivo, Michael O'Leary, criou uma reputação de antipatia da qual a companhia aérea tão cedo não irá se livrar. Porém, nada que tire o sono de O'Leary: mesmo com toda a publicidade negativa, a Ryanair em 2009 foi a maior companhia da Europa em número de passageiros transportados e no início de abril anunciou projeções de lucros da ordem de US$ 500 milhões para 2010.

- A empresa volta e meia aparece em enquetes com uma das mais odiadas pelos passageiros, mas os números mostram que muita gente ainda coloca a vantagem de custo acima da auto-estima - explica o analista de marketing Daniel Rogers, da consultoria Brand Republic, de Londres.


Fonte: Airnews

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